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Ética: Os espectadores silenciosos

Albert Einstein deixou uma citação, com uma verdade permanente: “O mundo não será destruído por quem pratica o mal, mas por quem os observa sem fazer nada.”

Quando se fala em falta de ética nos negócios, geralmente nosso pensamento é levado ao ato específico de praticar algo impróprio.  No decorrer de minha carreira, pude observar que para cada ato ilícito praticado,  inúmeras vezes existiu um grupo de espetadores. São aqueles que viram, acompanharam, sabiam, mas nunca se manifestaram.

Afinal de contas, é aparentemente confortável a posição de que o espectador não é o impetrante. Tem-se a ilusão do não envolvimento, e o silêncio passa a ser o refúgio natural.

O caso publico mais típico é o do Grupo Americanas. Profundas investigações são realizadas a fim de se encontrar as pessoas responsáveis, mas com certeza o número de pessoa que sabiam do fato, era considerável.

Certa ocasião, a nossas equipes técnica e de vendas conseguiram identificar uma fraude em uma concorrência de um órgão governamental. Tratava-se de um processo de compras envolvendo muitas áreas e pessoas. Como consequência, a concorrência foi simplesmente cancelada e não houve outra no lugar. A necessidade dos bens simplesmente deixou de existir.

Dezenas de pessoas naquela entidade, sabiam o que estava acontecendo e escolheram o papel de espectadores silenciosos.

Outra experiência ocorreu ao ouvir alguns comentários muito superficiais e vagos, de que havia irregularidades na contabilidade da companhia. Nada que pudesse dar uma pista clara, em uma organização de porte. Apenas uma pessoa teve a coragem moral de me mostrar o que estava acontecendo, em uma área que não era a dela, e envolvendo níveis hierárquicos acima dos seus. Também ali, havia espectadores.

O silêncio diante de uma irregularidade, não isenta da responsabilidade. Muitos danos podem ser evitados por espectadores que sejam mais ativos. Um outro grande desafio do silêncio é na esfera pessoal, em ter que conviver com aquilo dentro de si mesmo.

Os danos são temporários, porém as consequências do silêncio são permanentes no espectador.

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