Dos "baby boomers à Geração Z: Um choque de prioridades no trabalho
Dos baby boomers à Geração Z: Um choque de prioridades no trabalho
Um amigo de juventude, com quem quem compartilhei os desafios de uma infância difícil, disse algo que ficou marcado:
"Quisemos tanto proteger nossos filhos, para que não passassem por aquilo que nós tivemos que passar, que acabamos impedindo que tivessem algumas das experiências que tanto nos fizeram crescer."
Grande verdade! Esse pensamento me levou a refletir sobre as dificuldades de compreender a mentalidade da Geração Z no mercado de trabalho.
A Geração Z (nascida entre 1997 e 2012) cresceu em um mundo altamente conectado e tecnologicamente avançado. É a geração que trouxe demandas claras: equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Para eles, bem-estar pessoal não é negociável.
Porém, muitas dessas demandas foram possíveis porque alguém já pagou o preço. Pais e avós abriram caminho, criando um terreno mais seguro para os jovens, nem sempre ideais para sua plena maturidade. Dados atuais do IBGE mostram que cerca de 25% dos jovens entre 25 e 34 anos ainda vivem com os pais, um aumento expressivo em comparação com décadas anteriores.
Esse fenômeno é conhecido como "geração canguru" e reflete mudanças sociais e econômicas significativas. Entre 2012 e 2022, por exemplo, houve um crescimento de 137% no número de jovens dessa faixa etária que permanecem na casa dos pais. A idade média para o casamento, que era de 23 anos na década de 1970, subiu para 33 anos, dado esse que pode ser enganoso, pois nas últimas décadas tivemos um aumento exponencial de relacionamentos informais, sem o vínculo do matrimônio.
Sem generalizar, uma vez que existem muitas situações diferentes, nesse cenário com menos pressões externas, torna-se mais fácil colocar o bem-estar pessoal à frente das ambições profissionais.
Sinceramente, admiro jovens na faixa dos 28 anos, casados, com filhos e independentes, que falam sobre as prioridades da Geração Z com autoridade moral. Essa independência traz outra perspectiva.
Entretanto, essa é a geração que construirá o nosso futuro. São mentes brilhantes que precisam de espaço para crescer. Não adianta olhá-los com as lentes das gerações anteriores e tentar impor os valores que moldaram a maturidade dos baby boomers ou da Geração X. Eles dificilmente entenderão que “...acabamos impedindo que tivessem algumas das experiências que tanto nos fizeram crescer."
O grande desafio hoje é entender essa geração e isso exige sair do julgamento e partir para a construção de confiança. A integração com gerações de valores opostos, como a Geração X e os millennials, é ainda mais desafiadora, mas essencial para a harmonia no ambiente de trabalho.
A pergunta que deixo aqui não é sobre certo ou errado, mas, primeiro, se é essa mesmo a realidade. Você teria outras perspectivas? Como construímos essas “pontes”? Como oferecer liberdade para que jovens cresçam e produzam os resultados esperados? Uma boa discussão! Que tal, começarmos?