O Lobo e o Leão - E os seres humanos?
O Lobo e o Leão: e os seres humanos?
No primeiro dia de janeiro, Ano Novo, no final de uma tarde tranquila, sem trânsito e tudo silencioso, assisti a um filme especial: O Lobo e o Leão.
Aparentemente um longa infantil (as crianças vão adorar), o filme retrata uma história real: a inusitada amizade entre um lobo, um leão e um ser humano.
Sem revelar as circunstâncias que levaram a isso, para não estragar a surpresa de quem ainda vai assistir, o fato é que dois animais, conhecidos por serem dos mais ferozes e mortíferos, cresceram juntos. Eles nunca conheceram nada além da companhia um do outro, isolados dos instintos que seriam naturalmente transmitidos de geração a geração.
Esse comportamento permaneceu entre eles até a idade adulta. Viveram em um ambiente protegido, de forma que os instintos considerados naturais nunca vieram à tona.
Essa história me trouxe uma profunda reflexão no início deste novo ano. Fiquei pensando: se um bebê branco e um bebê negro fossem criados juntos, sem qualquer influência externa, eles nunca saberiam o significado da palavra racismo.
Se, entre dois povos inimigos milenares, dois bebês, originários de cada nação, crescessem juntos e isolados de seus pretensos inimigos, eles jamais compreenderiam o significado da palavra ódio.
Os bebês, que tanto queremos ensinar, poderiam nos ensinar o verdadeiro significado da palavra inocência.
A triste realidade, é que o ser humano, quando deixado ao seu mais "natural instinto", muitas vezes repete os animais, transmitindo para outras gerações o ódio por uma raça, por uma nacionalidade, por uma crença diferente da sua — e até por um time de futebol adversário.
A história do lobo e do leão me mostrou que tanto os seres humanos quanto os animais podem quebrar esse ciclo. No entanto, há uma diferença: os animais precisam ser conduzidos a essas experiências, enquanto os humanos têm o poder de fazê-lo de forma espontânea. Basta a firmeza de propósito em abandonar ódios e mágoas e seguir por um caminho diferente.
Em um mundo onde a tecnologia parece dominar cada vez mais, as relações humanas passam a ser mais importantes do que nunca. São elas que garantirão um convívio saudável com a tecnologia e preservarão nosso futuro.
Vale a pena investir tempo em reflexões, em aprendizado e em mudanças de comportamento. Esse será o verdadeiro diferencial em um cenário de avanço desenfreado da tecnologia.
Se não fizermos isso, enquanto no passado temíamos refletir o comportamento animal, no futuro corremos o risco de imitar os robôs, que aprendem tudo, menos a expressar emoções.
Um bom ponto de partida é o ambiente de trabalho. Identifique o “lobo” ou o “leão” que talvez precise abandonar seus "instintos". Muitas vezes, uma atitude inesperada de sua parte — um gesto de empatia, um elogio sincero ou uma conversa genuína — pode ser a surpresa que mudará tudo.