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A Construção de Sua Imagem Profissional e as Armadilhas das Percepções

A sua imagem é um dos maiores ativos de sua carreira, mas há algumas armadilhas no caminho com as quais você deve tomar muito cuidado.

Em meu livro Lições de Guerra -Vencendo as Batalhas de Sua Carreira, trago o exemplo dos “snipers”, nome mais charmoso do que franco-atiradores. Os snipers estão presentes em todos os conflitos e guerras, pois enganar o inimigo ou lançar uma falsa percepção, sempre foi uma poderosa arma. Geralmente confundem-se com o ambiente, usando camuflagens muito difíceis de serem identificadas.

Um dos exemplos mais marcantes da Segunda Guerra Mundial, ocorreu na cidade de Stalingrado, na Rússia, palco de uma das batalhas mais sangrentas entre russos e alemães, em uma cidade completamente sitiada. Ali, um indivíduo chamado Vassili Zaitsev, se tornou um herói nacional por ter abatido 149 soldados inimigos, como um sniper. Tinha a capacidade de ocultar-se das mais diversas maneiras nas ruínas da cidade, fosse em edifícios destruídos, esgotos, veículos, buracos, etc. Quem gosta do assunto pode ver a sua história no filme de 2001, “Círculo de Fogo”, estrelado por Jude Law e Joseph Fiennes, encontrado em algumas das transmissões em streaming.

Lidar com percepções é um dos grandes desafios em qualquer ramo de atividade, principalmente em sua carreira. A primeira realidade que aprendi a duras penas é que a imagem que você pensa que transmite a seu respeito no seu ambiente de trabalho, nem sempre é aquela que as pessoas a seu redor percebem. Tive um “coaching” excelente de uma diretora de RH que me mostrou que um de meus pares não estava tentando me atacar pessoalmente através das avaliações 360 graus anônimas (ainda em seus primórdios no Brasil), mas que eu precisava mudar a percepção que transmitia em certos assuntos. Foi a primeira vez que trabalhei intensivamente para mudar esta percepção e depois de um ano, minha avaliação teve uma melhora considerável.

Receber constantes feedbacks de pares, subordinados e chefes é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento. Se a sua companhia não tem um processo formal para este fim, faça-o por você mesmo. Com certeza esta atitude precisa de coragem para eventualmente ouvir o que não gostaria de ouvir, ao mesmo tempo que você deve desenvolver um grau de confiança tal, que as pessoas sejam abertas e transparentes a seu respeito.

As percepções a seu respeito são desenvolvidas de muitas outras formas.

A maneira que você se porta e se veste são aspectos chaves na construção de sua imagem. Não quero estabelecer aqui nenhum padrão de vestimenta, mas com certeza a companhia na qual você trabalha tem um código formal ou informal neste aspecto. Assegure-se de que você esteja em sintonia com estes padrões. O mesmo se aplica na maneira em que você utiliza a sua linguagem e atitudes de uma forma geral. Tenho um outro capítulo sobre a capacidade de se trabalhar em equipe, que merece uma abordagem à parte.

Uma grande armadilha é o “happy hour”. Ali são ditas coisas que em muitos casos não seriam mencionadas dentro do escritório, principalmente se houver a influência de alguns “drinks inofensivos”. Lembro-me de ter recebido um conselho há muitos anos trás: “se você está perto de alguém do seu trabalho ou em um evento social de qualquer natureza de sua companhia, você está trabalhando! ”. Muitos têm a tendência de traçar uma linha entre o que faz e fala na companhia e como se comporta no “happy hour”. A informalidade, o ambiente, as bebidas, os amigos (nesses momentos todos são “próximos”), podem se tornar o temido “sniper” de sua carreira. Nesses momentos saem muitas críticas a chefes, abordagens inconvenientes ao sexo oposto (chegando a assédios), discussões políticas acaloradas que se refletem no ambiente de trabalho, etc.. O interessante é que, da mesma forma que existe a “rádio peão” que leva as novidades de cima para baixo, a comunicação no sentido inverso também é real e a alta gerência sempre fica sabendo destes fatos.

Posso dizer que através dos anos vi muitas carreiras serem destruídas por atitudes e acontecimentos em “happy hour”, convenções e eventos de uma forma geral, com profissional literalmente de todos os níveis.  A imagem de um chefe bêbado com cenas deploráveis “na informalidade”, será mais forte na mente de seus funcionários do que um discurso motivacional ou instruções dadas nos dias subsequentes.

Os últimos anos trouxeram uma “janela” na sua vida que eram inimagináveis anos atrás... as redes sociais. Neste momento a sua imagem profissional começa a fundir-se com a sua imagem pessoal e o grande risco vem quando ambas não são compatíveis (a pessoal não reforça a imagem profissional). Sinto dizer, mas enquanto em minha geração eu estava trabalhando mesmo em ambientes sociais, hoje você está trabalhando com cada posting que você faz no Facebook ou qualquer outra rede social.

Vivemos em um país com liberdade de expressão e você tem o arbítrio de publicar o que bem quiser, mas tenha a consciência de que estará também construindo a sua imagem. Poderá decidir que não importa o que os outros pensem, que será uma pessoa autêntica nas redes sociais, porém lembre-se de que você tem o controle sobre o que publica, mas nenhum controle sobre as consequências.

Temos assistido a muitas experiências lamentáveis do mau uso das redes. Alguns exemplos:  demissões por justa causa, animosidades politicas despertadas no ambiente de trabalho (cuidado com as diferenças políticas com o seu chefe!), sentimentos de embaraço na segunda-feira quando alguém publicou cenas de um fim de semana “agitado”, candidatos que são descartados sem mesmo o saberem, fruto das pesquisas dos empregadores, etc.,etc.,etc. Há reflexos inclusive em ações judiciais, quando um funcionário apresenta um atestado médico e o empregador prova que o mesmo estava viajando, fotos nas redes sociais provando que o autor e uma testemunha tinham um relacionamento íntimo, desclassificando assim a testemunha, reclamante pedindo vínculo empregatício quando seu currículo no Linkedin demonstrou que todo o tempo foi um autônomo... e por aí vai!

Tanto faz se você já tem uma extensa experiência em sua carreira ou está na sua fase de juventude, saltando da despreocupada vida acadêmica para o ambiente profissional, avalie bem qual a contribuição das redes sociais para a imagem que você busca construir.

Há muita literatura e cursos sobre planejamento de carreira, produtividade, relações humanas, enfim uma grande variedade de conselhos e dicas do que fazer em sua carreira. Aqui você recebeu alertas fortemente baseados em experiência e dificilmente encontrados no mundo acadêmico. Quem já passou ou presenciou qualquer uma destas situações, sabe do que estou falando.

A sua imagem é um dos grandes ativos de sua carreira...proteja-a com carinho e determinação e cuide das percepções tanto quanto das ações no seu dia a dia. Um sniper pode estar esperando por você!

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