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O Trabalho Em Equipe...Para a Sobrevivência!

Muito se fala sobre liderar equipes, mas a literatura é bem mais limitada sobre TRABALHAR em equipe e este é o foco do artigo, independentemente do seu nível hierárquico.

Uma das armas mais mortíferas do período inicial da Segunda Guerra Mundial entre 1939 e 1942, foram os submarinos alemães denominados "U Boats". Existiam várias categorias e cada embarcação recebia um número que começou em 1939 com o U-26 chegando três anos depois ao U-796.

Eram altamente eficazes, precisos e muito bem-sucedidos, sendo que nestes três primeiros anos do conflito afundaram 1.906 embarcações dos Aliados causando um verdadeiro terror no Mar do Norte e interrompendo a linha de suprimentos que garantia a sobrevivência da Inglaterra, naquele momento isolada. Todos os países amigos e não neutros da Europa haviam sucumbido à ocupação alemã. Este sucesso durou até que em 1943 as nações aliadas desenvolveram tecnologias de caça a submarinos e os ingleses decifraram o famoso código criptografado “Enigma”, de comunicação entre os alemães.

As tripulações destes submarinos eram altamente eficientes, pois cada tripulante conhecia com exatidão a sua função, sabia muito bem quem era o inimigo e cumpria cada palavra de comando com extrema obediência e precisão. As condições de operação eram, no entanto,  inóspitas e terrivelmente inadequadas. Havia apenas uma latrina a bordo, fazendo com que todos usassem colônias bem fortes. Não tomavam banho se ficavam muito tempo submersos (o banho era de mar) e as acomodações igualmente precárias. A tripulação que operava a sala de máquinas e os torpedos dormia em camas dobráveis no corredor apertado, pois os torpedos tomavam o espaço dos beliches. Ironicamente, ficavam felizes quando entravam em batalha, pois se abria espaço para um sono mais repousante.

Em meio a toda esta rigidez e condições difíceis de convívio, as filas de candidatos para servir em submarinos era muito maior do que as vagas disponíveis. E por que? A razão é muito simples... tinham muito sucesso, o que trazia grande prestigio e todos queriam pertencer a estes times, apesar dos altos riscos. Seguindo a tradição dos artigos anteriores, para aqueles que queiram ver mais desta realidade, sugiro que assistam no canal Starzplay uma série atual denominada “Das Boot”.

Há várias lições que podemos aprender dos submarinos daquela época (os de hoje são bem maiores e confortáveis!). Se você não for o dono de uma empresa, provavelmente estará trabalhando com pares, seja lá qual for a sua posição.

Um ponto importante é que cada membro da tripulação sabia que se dependia de sua função muito bem-feita e contar com que cada um dos seus companheiros fizessem a mesma coisa, pois estavam defendendo as suas vidas. Imaginem se na hora de uma instrução de um companheiro para se armar um torpedo, o tripulante pensasse...”não vou com a cara deste sujeito, que sempre tentou me prejudicar; vou atrasar um pouco a entrega! ”.

Quando não temos o risco real de morte, subestimamos o perigo da morte...do negócio! Dependendo do nível hierárquico dos pares, é exatamente isto mesmo que pode acontecer. Se perdemos mais tempo em trabalhar apenas em prol de nossa própria carreira, ou se o objetivo principal é parecer bem politicamente, ou mirarmos um ou mais de nossos pares para ações de “sabotagem”, ou até mesmo darmos pouca atenção às demandas destes, todo o negócio perde. Olhamos muito em cuidados e resiliência para lidar com o chefe, mas nem sempre damos a devida atenção a nos adaptarmos aos nossos pares, entender as diferenças de personalidade e trabalhar naquilo que para nós seja uma dificuldade, ao invés de esperar que seu par mude.

Assim como naqueles submarinos, precisamos da lembrança clara de que o “inimigo” está lá fora e não dentro da companhia.  O foco deve ser o mercado, a satisfação do cliente, de saber fazer muito bem a NOSSA parte, não importando o nível na organização em que operamos. Melhorar internamente a nossa qualidade para sermos mais competitivos, sem achar que a identificação de falhas e oportunidades de melhoria sejam “ataques” à nossa área. No momento em que começamos a criar “inimigos internos” um tempo extremamente precioso é perdido sem se agregar valor à organização.

Duvido que oficiais e tripulantes daquelas embarcações sentiam-se confortáveis com aqueles recursos e instalações, mas faziam o melhor que podiam e tinham grandes vitórias. Muitas companhias não têm a capacidade de fornecer todos os recursos que precisamos para o dia a dia do trabalho e não raro passamos a fazer parte do grupo que sempre reclama das instalações, das ferramentas, dos computadores, das mesas e cadeiras... enfim, muita energia desperdiçada no pedir ao invés de no fazer. Podemos ser sempre uma influência construtiva para os nossos pares, ao enfrentarmos os desafios sem as ferramentas que gostaríamos de ter.

Voltando ao ponto de que cada membro da tripulação sabia exatamente o que fazer.

Em um discurso na cerimônia da entrega do Oscar de 2020, Tom Hanks deu três conselhos aos atores e atrizes. Primeiro, que fossem pontuais. Segundo, que soubessem muito bem o seu script. Terceiro, quando estiverem sólidos nas suas respectivas partes, poderiam então ser criativos, melhorando a qualidade de atuar de si mesmos e do cast.

O discurso se tornou um clássico na aplicação dos conceitos nas empresas. Primeiro, sendo pontual não só nos horários, mas nos prazos de suas entregas. Segundo, sabendo muito bem como cumprir o seu papel e as suas responsabilidades na organização. Terceiro, quando a sua parte estiver bem dominada, contribuindo com a segunda milha na qualidade de seu trabalho e de seus pares. Um “mini-manual” de como se trabalhar em equipe!

Vivemos em um mundo que evoluiu para organizações matriciais, comitês multidisciplinares, serviços e operações terceirizados, integração das cadeias produtivas, startups que são absorvidas por grandes companhias, comitês de trabalho multiculturais e internacionais, além de milhares de companhias de todos os tamanhos. Assim como o desenvolvimento de competências técnicas e de liderança, que tanto se busca, o desenvolvimento das habilidades para ser um “team player” é altamente valorizada e um fator decisivo na avaliação de profissionais e funcionários(as). Com certeza uma característica decisiva de diferenciação!

Acreditem...também uma questão de sobrevivência!

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