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Quando manter a posição é a melhor opção

Geralmente gosto de utilizar um episódio militar que exemplifique um ponto específico, mas esta frase, com certeza, foi uma das mais utilizadas em qualquer batalha, a qualquer época: “Mantenha a posição! ”.

Por mais que hajam apoios aéreos, de artilharia ou de qualquer outra tecnologia, os territórios são conquistados em terra, passo a passo, pela infantaria, muitas vezes com altos custos em vidas. Incontáveis pontos estratégicos são conquistados e perdidos pelos dois lados do conflito, repetidas vezes.

Nestes momentos, quando o avanço é muito penoso e a pressão do inimigo é muito forte, vem a famosa ordem: “Mantenha a posição a qualquer custo! ”.

Assim como nos conflitos, nas “batalhas” de nossas carreiras, há os momentos de avançar, de recuar ou de “manter a posição”. Em um ano de grandes incertezas econômicas, políticas, sociais (pandemia), de mudanças drásticas na dinâmica do trabalho (home office), talvez esta alternativa seja a mais sábia em muitos casos.

Perguntas que eu faria a mim mesmo neste início de ano, que promete ser conturbado:

Como está o relacionamento com o meu/minha chefe? Tenho usado de ponderação em meus momentos de impaciência?

Como está o meu desempenho aos olhos da companhia? Estável? Sofrível? Ótimo? O que faço e como o faço, agrega real valor ao negócio? Percebo a minha posição e a minha contribuição como indispensáveis para a companhia?

Historicamente, o setor no qual trabalho, pode ser afetado negativamente por fatores externos?  Neste ano as previsões apontam para um baixo crescimento do PIB no Brasil. As taxas de juros voltaram a subir na casa dos dois dígitos. Em um ano de eleições extremamente polarizadas, as incertezas quanto aos caminhos da economia a partir do ano que vem, farão com que investimentos em vários setores sejam postergados este ano, até que os cenários estejam definidos pelas correntes que saírem vencedoras nas urnas. Consigo avaliar como este ambiente afetará o meu emprego?

Recentemente o Estadão publicou um artigo na sessão Sua Carreira e citou que uma pesquisa feita pela Robert Half com 1161 profissionais, constatou que 49% dos qualificados que estão empregados, pretendem buscar um novo emprego este ano (1).

Ótimas oportunidades de mudanças sempre surgirão. A cautela aqui é não cair na conhecida troca do “seis por meia dúzia” em um momento em que sua colaboração no emprego atual é um forte ativo em fases de “mares revoltos”.  Nossa tendência sempre é analisar e comparar os benefícios que terei, mas um olhar importante é mensurar o meu valor, nas duas situações (na companhia atual e na nova), se ambas forem atingidas por uma crise.

Vem assim a próxima pergunta:  meus planos de mudança são urgentes e bem justificados? Posso desenvolver mais resiliência e ainda ter grandes conquistas no que faço atualmente?  Posso manter a estabilidade até que todo o cenário externo se defina?

Em momentos de maiores incertezas é sempre bom analisar mais a fundo as motivações de mudança de emprego. Não raro, a busca do emprego ideal nos deixa cegos para o que temos na mão hoje.

Diferentes gerações têm visões diferentes sobre o tempo que deve permanecer em cada empresa e isto é perfeitamente entendível. O único ponto aqui é que quando o caminho parece ser um pouco acidentado, todo o cuidado é pouco. Em vários setores da economia, chegar no final do ano “mantendo a posição” significará uma grande vitória.

(1)   “Grande debandada no Brasil afunila em profissionais mais qualificados e escolarizados”

O Estado de São Paulo

Sua Carreira - 12/2/2021

Marina Dayrell

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