O seu emprego será afetado pela Inteligência Artificial?
Antes de começar a escrever este artigo, entrevistei um especialista no assunto, perguntando sobre as áreas profissionais que podem ser afetadas pela Inteligência Artificial (IA) Regenerativa. A resposta foi a seguinte: “Aqui estão algumas áreas que podem ser significativamente impactadas:
- Design Gráfico e Criação de Conteúdo Visual: A IA generativa pode produzir imagens, vídeos e designs gráficos, automatizando potencialmente parte do trabalho de designers e artistas gráficos.
- Música e Produção de Áudio: Modelos generativos já compõem música e produzem sons, influenciando a indústria musical e profissões relacionadas ao áudio.
- Escrita e Jornalismo: Modelos de linguagem estão cada vez mais habilidosos em gerar artigos, relatórios, poesia e prosa, afetando escritores e jornalistas, especialmente na produção de conteúdo padrão e baseado em dados.
- Desenvolvimento de Software: Com a IA capaz de gerar código, o campo do desenvolvimento de software pode mudar, com a IA auxiliando ou automatizando parte do processo de codificação.
- Pesquisa e Análise de Dados: Analistas e cientistas de dados podem se beneficiar de ferramentas alimentadas por IA que automatizam a análise de grandes conjuntos de dados, alterando seu fluxo de trabalho.
- Setor Jurídico: A IA pode auxiliar na análise de documentos legais e na realização de due diligence, afetando o trabalho de advogados e paralegais.
- Publicidade e Marketing: A criação de conteúdo publicitário, como cópias de anúncios e material de marketing personalizado, pode ser gerada por IA, afetando copywriters e estrategistas de marketing.
- Educação: Professores e educadores podem usar IA para gerar material didático personalizado, mas também podem enfrentar mudanças na demanda por ensino tradicional. É importante notar que a IA generativa não necessariamente substitui essas profissões, mas altera a natureza do trabalho realizado.”
"É importante notar que a IA generativa não substitui necessariamente essas profissões, mas sim altera a natureza do trabalho realizado.”
Surpreendentemente, essas respostas foram fornecidas pela própria Inteligência Artificial!
Uma experiência pessoal
Decidi realizar uma experiência pessoal. Como leigo na área jurídica, selecionei um tema de meu interesse para explorar com o GPT-4 (aliás, tivemos vários debates). Solicitei também que pesquisasse todas as leis relacionadas ao assunto e, por fim, pedi a preparação de uma notificação extrajudicial, citando todas as leis pertinentes.
Seguindo o conselho da IA, encaminhei a notificação a um advogado para certificar sua correção. Enviei-a a um amigo, sem revelar a origem da petição. Ele opinou que a notificação estava bem elaborada, sugerindo apenas um acréscimo. Assim, a tarefa estava 90% concluída.
Outras áreas vulneráveis
Stuart Russel, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, menciona em seu livro “Inteligência Artificial a Nosso Favor” que muitos empregos de vendas e atendimento ao consumidor, além de profissões jurídicas, estarão vulneráveis.
Ele complementa: “Em uma competição em 2018, softwares de IA superaram experientes profissionais jurídicos na análise de contratos-padrão de não divulgação, completando a tarefa duzentas vezes mais rápido.”
Russel também destaca que, em geral, qualquer função que seja terceirizada pode se tornar candidata à automação. Ele prossegue: “A indústria de automação robótica de processos oferece ferramentas de software que alcançam exatamente esse efeito em tarefas de escritório realizadas online.”
Transições de Ocupações
Kweilin Ellingrud, Senior Partner da McKinsey & Company, destacou em um podcast recente que a IA, por si só, poderá automatizar cerca de 10% da força de trabalho nos Estados Unidos, impactando principalmente trabalhadores de salários mais baixos. Também afetará aqueles com salários mais altos em diversas áreas, como escritores, criadores, advogados e consultores, exigindo ajustes significativos em suas funções, algumas das quais poderão ser eliminadas.
Ellingrud pondera ainda que cerca de doze milhões de transições de ocupações são esperadas nos Estados Unidos entre o presente e 2030, e muito dependerá da forma como as empresas individualmente conduzirem a transição e o treinamento. Sem dúvida, muito também dependerá dos próprios indivíduos.
Traduções Instantâneas
Reid Hoffman, influenciador do LinkedIn com mais de dois milhões de seguidores, proferiu recentemente o discurso de formatura na Bologna Business School, Universidade de Bologna. Após a cerimônia, com a ajuda da IA, traduziu seu discurso para mais de cem idiomas. Comentou depois: “Imagine os discursos de formatura do futuro! Não apenas traduzíveis instantaneamente 'ao vivo' para qualquer idioma por meio de fones de ouvido, mas também fornecendo conselhos personalizados conforme o conhecimento, ambições e objetivos de cada ouvinte.”
O Futuro Chegou Rápido Demais
Ao ler “21 Lições para o Século 21”, de Yuval Harari, lançado em 2018, uma frase em particular chamou minha atenção, quando Harari discute as profissões atuais e prevê que, em 2050, “não apenas a ideia de um emprego para a vida inteira, mas até mesmo uma profissão para a vida inteira parecerá antiquada”.
Decorridos poucos anos desde a afirmativa de Harari, esse cenário já começa a se desenhar no mundo profissional.
E agora?
Quais são as implicações para o seu emprego com o advento da Inteligência Artificial Regenerativa? A resposta é difícil de prever. Com tantas mudanças em vista, é crucial analisar nossas próprias atividades. São elas repetitivas? Suscetíveis à automação? Dependem de pesquisas profundas que máquinas podem realizar em segundos? Ou de trabalhos de escrita e criação que máquinas rápidas e inteligentes podem assumir?
Um fato amplamente reconhecido é que a IA não substitui a mente humana. Isso implica que as funções que requerem decisões, estratégias ou ações baseadas exclusivamente no julgamento humano têm menores chances de serem automatizadas pela IA.
“Ser muito bons em sermos humanos”
O Professor Russell, mencionado anteriormente, ressalta que precisaremos ser excelentes em ser humanos. Segundo ele, áreas como psicoterapia, coaching executivo, aconselhamento e aquelas que envolvem a capacidade de inspirar e cultivar a apreciação e criação nas artes, música e literatura, estarão em alta demanda.
Ele também destaca que setores que requerem conhecimento profundo, como a cirurgia, onde a confiança transmitida pelo conhecimento especializado é crucial para as decisões dos pacientes, continuarão sendo extremamente valorizados.
Mais do que oferecer respostas específicas, o objetivo deste artigo é provocar uma reflexão sobre o que fazemos hoje e como nossas atividades podem ser impactadas em breve.
O mais importante é considerar o que podemos começar a fazer a respeito agora.