Às vezes, não damos o devido valor aos recursos que temos ou às pessoas que, na verdade, são responsáveis por nossas conquistas.

Quando chegamos à Universidade de Brigham Young para meu MBA, tínhamos quatro filhos entre três meses e seis anos. Morávamos em um trailer com móveis usados, restaurados pela minha esposa, Marina. Até hoje, ocupa um lugar especial em nossa sala uma cadeira de balanço que seria descartada. Marina, com seu talento, deixou-a nova, e nela embalou nossos filhos por dois anos.

O ritmo de estudos era intenso. Eu passava o dia inteiro na universidade, enquanto Marina, sem falar inglês, aprendeu o idioma assistindo a filmes infantis com as crianças. Era uma carga pesada, em um país estranho, muito diferente de uma simples viagem ou mudança comum.

À noite, enquanto eu estudava para o dia seguinte, Marina ia à biblioteca consultar volumosos diretórios de empresas americanas, copiando à mão os nomes e endereços das que tinham subsidiárias no Brasil. Naquela época, sem internet, tudo era ainda mais desafiador.

No segundo ano, os PCs começaram a se popularizar, mas eram caros para nós. Foi então que Marina, cantora e compositora talentosa, com seu violão sempre por perto, surpreendeu-me ao vender sua flauta de prata, seu grande tesouro, para que eu pudesse ter meu primeiro PC.

Quando deixamos o apartamento no campus, ela recebeu a maior nota de limpeza já dada pela universidade. Esses dois anos simbolizam sua vida: sacrifícios constantes, renúncia pessoal, dedicação ao lar sempre impecável, sendo a alma, o coração e a força de nossa família.

Marina tocou milhares de vidas como professora de música, líder de jovens e psicóloga voluntária. Suas músicas inspiraram uma geração e alegraram acampamentos de jovens. Seu trabalho transformou a vida de muitos, especialmente de jovens entre 18 e 21 anos.

Hoje, 27 de dezembro, seu aniversário, é o momento de celebrar sua obra de vida. Você é exemplo para nossos quatro filhos, noras, genros e seis netos.

Querida Marina, feliz aniversário! Dizer "obrigado" ainda é pouco por tudo que você fez.