
Network pessoal não saiu de moda: liberte-se da telinha!
Há muitos tipos de networking, mas hoje quero falar daquele que mexe com algo mais profundo: a network de carreira.
Vivemos numa era em que as reuniões virtuais se multiplicam. Elas otimizam tempo, cruzam fronteiras, mas criaram um mito perigoso: o de que substituem o presencial. Não substituem. Apenas complementam.
A "telinha" — como gosto de chamar — é um filtro de emoções. Ela transmite as expressões mais óbvias: a voz, o sorriso, um aceno. Mas tudo o que é sutil... fica no filtro.
Aquela mudança leve no olhar, a hesitação, o entusiasmo real, a firmeza de um aperto de mão. Esses sinais silenciosos têm um poder gigantesco de conexão — e só olhos nos olhos conseguem captar.
A ciência também respalda isso: segundo o neurocientista Alex Pentland, do MIT, os sinais não verbais são mais decisivos na formação de confiança do que o conteúdo verbal em uma interação. E eles simplesmente não passam com nitidez por uma webcam.
Deixe-me ilustrar com dois exemplos que vivi.
No primeiro, recebi presencialmente um executivo com quem trabalhei anos antes. Não éramos próximos. Ele buscava recolocação — e sinceramente, o tema por si só não teria me mobilizado tanto.
Mas o reencontro, presencial, trouxe uma lembrança viva da nossa trajetória, dos valores comuns, da energia da conversa. Resultado? Ele saiu da reunião com três nomes indicados por mim e meu compromisso pessoal de ligar para dois headhunters amigos meus.
No segundo caso, fui eu quem precisou. Ao sair de uma grande empresa, liguei para dois headhunters com quem mantive contato próximo por anos, sempre com encontros presenciais esporádicos.
Mesmo numa média de mercado de seis meses para recolocação, em dois meses e meio eu estava contratado — graças àquela relação construída com respeito, presença... e almoços fora da tela.
Minha recomendação é simples: crie o seu “vaso de ouro”, com 3 a 5 nomes de peso. Não precisam ser pessoas que vão te dar um novo emprego — mas que podem abrir portas.
Semeie, cultive, regue com conversas sinceras. E, principalmente, não deixe que morram por falta de encontros presenciais. A tecnologia veio para ficar. Mas o olho no olho... é o que realmente faz a diferença.
Liberte-se da telinha. Vá realmente conhecer outros olhos.