Esta semana, resgatei mais um episódio do meu estadista predileto: Winston Churchill.

O ano era 1940. A França havia capitulado, rendendo-se às tropas nazistas. As nações mais poderosas da Europa Ocidental, uma a uma, sucumbiam à máquina de guerra alemã. O último bastião a resistir era o Reino Unido, separado do continente apenas pelo Canal da Mancha.

Enquanto Hitler já planejava a invasão e os bombardeios massivos castigavam Londres e outras cidades estratégicas, Churchill enviava apelos desesperados ao presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, pedindo um aumento na ajuda militar. Mas havia um problema: com a queda da França, os americanos temiam que a Inglaterra fosse a próxima. E, em um ano eleitoral, Roosevelt não queria arriscar sua reeleição, já que boa parte da população americana era contra a entrada na guerra.

Diante desse cenário caótico, Churchill manteve uma postura inabalável. Instruindo seus diplomatas, ordenou que transmitissem uma única mensagem ao mundo: a Inglaterra estava unida e forte, certa de sua vitória. Na sua reunião com o Gabinete de Guerra, a ata registrou sua diretriz:

“Nada deve ser dito agora que possa perturbar o moral ou levar as pessoas a pensarem que não devemos lutar aqui.”

Não parece familiar?

Quantas vezes, diante de uma crise, somos forçados a manter a aparência de força, mesmo quando internamente estamos em frangalhos? Seja para proteger a família, liderar uma equipe ou até para manter um amigo esperançoso, há momentos em que precisamos erguer a cabeça e transmitir segurança, mesmo sem certezas.

A liderança, muitas vezes, é solitária e pesada. Fechados entre quatro paredes, carregamos decisões difíceis, desafios exaustivos e incertezas que não podem ser compartilhadas. Mas ao abrir a porta, o sorriso confiante precisa aparecer. O aperto de mão firme deve transmitir convicção, mesmo quando o reservatório de forças já parece estar no limite.

E qual é a solução?

A verdade é que não há uma fórmula mágica. Mas saber que essa luta silenciosa é compartilhada por tantas lideranças ao redor do mundo pode trazer um alívio. Você não está só. E, muitas vezes, é essa certeza que recarrega um pouco mais o reservatório de resiliência.

O caminho é antigo, mas sempre funciona: uma hora de cada vez. Um dia de cada vez.