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Construindo um Network de “Nível Três”

A palavra network acabou ficando tão comum quase que banalizada, podendo levar a muitas interpretações ou, até mesmo ilusões.

Muitos de nós acham que ter um elevado número de conexões no Linkedin, por exemplo, significa um extenso network. Outros já pensam que ter  pilhas de cartões trocados em eventos, representam também uma rede de contatos muito significativa. Não estão errados, mas também não estão totalmente certos.

Minha interpretação pessoal de network, é a de formar uma rede de relacionamentos que realmente agregue valor quando você vier a precisar de algo. Isso significa que deve ser formada antes da própria necessidade.  Dependendo do seu negócio, esse é um esforço diário.

Para facilitar o seu entendimento, vejo todos os contatos que você nas redes sociais, como um Network Nível 1. São pessoas que na maioria das vezes você não conhece, conexões que você pediu ou aceitou, e com as quais tem muito pouco ou quase nenhum contato. Sem dúvida isso já é um ótimo início.

No Nível 2, estão aquelas pessoas com as quais você já teve uma interação mais intensa no passado, ou mesmo no presente. Podem ser clientes, empregadores, colegas de trabalho que tiveram uma rápida ascensão profissional, amigos de faculdade muito bem posicionados… a lista pode crescer bastante.

Profissionais influentes que você conheceu em cursos, seminários e eventos, também são valiosos. Estamos falando de um grupo bem mais seletivo e que começam a formar uma “reserva” de contatos bem mais robusta.

Chamo de Nível 3, o grupo que você desenvolve para realmente ser um forte ativo para o futuro. Para isso, você deverá investir tempo, atenção, e em muitos casos, a simples presença.

Nesse momento é que se deve quebrar o paradigma de se manter contatos apenas através das redes sociais, telefonemas, ou até chamadas virtuais. Sempre que for possível, o encontro pessoal, face a face, ainda é a forma mais poderosa e impactante de aprofundar relacionamentos profissionais.

Em duas ocasiões em minha carreira, fui contratado através de headhunters em épocas diferentes. Com o primeiro deles, já o encontrava com frequência e certo dia o convidei para um almoço, pois sabia também, que ele estava interessado na conta da companhia para a qual eu trabalhava.

Nenhum negócio ou interesse surgiu de ambas as partes, mas mantivemos contatos frequentes.  Dois anos depois, quando precisei de uma colocação e o contatei, em cerca de trinta dias entrei em um processo no qual acabei sendo contratado. Nossa amizade perdura até hoje.

No segundo caso, tratava-se de um consultor de origem húngara, há muitos anos radicado no Brasil. Sentei-me a seu lado em um voo internacional. Falamos de tudo, menos de negócios. Sua cultura vastíssima muito me impressionou e conversamos sobre os mais diversos. Por incrível que pareça, nem vi o tempo passar.

No decorrer de três a quatro anos, nos reencontramos em vários eventos e trouxemos de volta assuntos do papo daquela viagem. Por vezes mandei mensagens parabenizando-o por vários artigos que publicava e acabei me tornando uma de suas fontes de indicação de executivos.

Depois de aproximadamente cinco anos daquele voo, chamou-me para uma conversa e colocou-me em um processo de seleção, no qual também acabei sendo contratado. Não estava procurando por um emprego naquela ocasião. Essa foi outra forte amizade que também durou muito tempo.

Além dessas duas pessoas fantásticas, mantive um relacionamento de certa forma semelhante através dos anos com três a cinco outros consultores, além de ex-clientes, chefes, pares de equipe e subordinados. Foi assim que formei o meu Network Nível 3.

Também fui alvo de abordagens semelhantes. Após um ano de ter saído de uma empresa, um par com quem tinha pouco contato naquela companhia, ligou-me dizendo que estava tentando recolocar-se e perguntou se eu podia ajudá-lo. Concordei e pedi que me enviasse seu currículo, como com tantos outros pedidos semelhantes que recebia, mas não sei se daria a necessária continuidade. Estava acostumado a dedicar muita atenção a situações dessa natureza com amigos.

Porém nesse caso houve uma diferença. No telefonema ele insistiu para que eu desse cinco minutos de meu tempo e, em todas as tentativas que fiz para “driblar” esse compromisso, acabei aceitando.

Para encurtar a história, os cinco minutos se transformaram em uma agradável conversa de cinquenta minutos e sensibilizei-me com o que ouvi. Saiu de minha sala com cinco indicações, sendo que para duas delas liguei pessoalmente para recomendá-lo. Isso nunca aconteceria em um simplestelefonema. Tornei-me um “Nível 3” no network dele.

Com muita frequência ficamos no conforto e satisfação do network que formamos nos dois primeiros níveis. Nossa meta pessoal deve ser sempre selecionar um grupo que fará parte deste “Nível 3”, e assim como um bom jardineiro, regar e cultivar esse “jardim”.

Isso leva tempo, paciência, esforço, e principalmente, constância. Com certeza, quando não temos a necessidade premente, é difícil achar espaço nas nossas ocupadíssimas agendas.

Por outro lado, as recompensas pessoais no fortalecimento desses relacionamentos são tão especiais, que o pensamento do uso desse network para qualquer interesse pessoal, ficam em um distante segundo plano. Este comportamento torna-se a sua “segunda natureza”.

Um último lembrete é que a essência do relacionamento humano, inclusive o profissional, é a capacidade de se criar “links” com as pessoas que despertem algum tipo de emoção. Podem ser por exemplo, de confiança, simples identificação pessoal, respeito ou empatia... alguém que consiga entender os seus desafios.

Não fosse assim, o meu colega não teria saído do meu escritório com cinco indicações.

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