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As principais "soft skills" de um CEO bem sucedido

Para ler o artigo original em inglês clique CEO Worldwide

As cinco principais “soft skills” de um CEO

Há uma riqueza imensa de trabalhos acadêmicos reunindo essas habilidades como resultado de profundas pesquisas entre CEO´s e, um artigo semelhante que eu tentasse escrever, nunca atingiria tal qualidade. Ao mesmo tempo, uma opinião puramente pessoal, também teria as suas limitações.

Por fim, escolhi trilhar por um terceiro caminho que foi altamente enriquecedor. Listei todos os CEO´s sob os quais trabalhei em décadas de carreira e escolhi os cinco primeiros que mais se destacaram em seu estilo de liderança, sendo que a ética foi o princípio dominante de cada um. Em seguida reuni as características em comum:

Empatia

Na intensidade da cobrança de resultados, a capacidade de exercer empatia sempre busca pelas reais razões que levaram a um desempenho aquém das expectativas. A preocupação é focada no porquê algo aconteceu, ao invés de quem foi responsável.

Nos desafios ou missões recebidas, junto com a carga colocada, vem sempre a famosa pergunta: “Como posso ajudar?”.

Isso demonstra que essa carga será compartilhada e não simplesmente colocada nos ombros de quem a está recebendo.

Lembro-me de um CEO de língua inglesa designado para um país de um idioma que não falava, chegou à conclusão de que a melhor forma de ajudar o seu time, seria manter o seu idioma natal, em todas as reuniões pessoais e em grupo. Foi uma grande oportunidade perdida de se aprofundar e interagir em uma nova cultura.

Pude comparar essa situação, com o sucesso daqueles que faziam um esforço intenso de falar a língua local e que por isso, puderam enxergar e entender aspectos que nuca antes imaginariam.

A empatia traz uma visão diferente das pessoas e do negócio, que não está refletida nos relatórios, e abre portas fantásticas de entendimento. Ao enxergar os desafios com os olhos alheios, torna-se mais fácil compreendê-los e construir um relacionamento profissional positivo.

Desenvolver uma visão

Há uma grande diferença entre um sonhador e de um líder capaz de despertar uma visão do futuro que, embora possa parecer um sonho, é possível de ser atingida. O foco do trabalho buscando os resultados do presente, são por si só, muito desgastantes.

Sempre que um líder consegue desenhar um propósito superior, tanto em termos de companhia como em termos pessoais de seu time, a perspectiva do trabalho muda totalmente.

Conheço vários executivos das companhias para as quais trabalhei, cujos gestores não conseguiram desenhar uma visão individual para futuro profissional de sua equipe. Hoje, no mínimo dez deles que acompanhei pessoalmente, são CEO´s em outras companhias. Encontraram as suas visões em outros lugares.

Por outro lado, tive um CEO que não deixava de perguntar trimestralmente qual era a minha visão do futuro do negócio e o que eu estava fazendo para atingi-lo. Jack Welch já dizia que no dia a dia,” o presente e o futuro são a mesma coisa”.

Construir uma visão inclusiva do negócio, comunicar e engajar todos os colaboradores, é uma das mais desafiadoras habilidades a serem desenvolvidas por um CEO.

Acessibilidade

A acessibilidade tem um sentido muito amplo, com uma dimensão passiva e outra ativa. Na passiva, é a atitude de não criar barreiras de comunicação através do isolamento, o que pode ser uma tendência muito forte quando alguém galga a posição de um CEO.

A acessibilidade ativa. é aquela em que o CEO busca estar presente nos locais de trabalho, por mais remotos que sejam, falar com pessoas e ouvi-las, tanto a colaboradores como a clientes. Em alguns casos, o tamanho e a dimensão geográfica da companhia, tornam isso impossível mas hoje, não faltam meios de comunicação virtual para fazê-lo.

A acessibilidade inclui a capacidade de falar dos mais variados assuntos nas mais diversas culturas ou circunstâncias. Os líderes que listei, tinham em comum uma cultura geral muito ampla, fato esse que os deixavam muito à vontade em eventos, almoços com clientes ou funcionários ou, em um simples coquetel.

Tive CEO´s que nos momentos informais sabiam falar apenas das expectativas dos resultados. Já outros, eram capazes de se engajar em qualquer assunto de interesse do interlocutor, o que abria a porta para a outra habilidade já citada, que é a empatia.

A capacidade de comunicação não está centralizada na eloquência de um discurso, mas na habilidade de aproximar-se de muitas pessoas, ouvi-las e fazê-las sentir a sua influência e liderança.

Transparência

Uma das causas mais comuns de perda de confiança em um CEO, vem da falta de transparência. Não raro, confundem o seu papel com o de Relações Públicas de uma companhia, e focam apenas em transmitir boas notícias e passar o melhor cenário possível.

A transparência significa lidar sempre com a realidade, em qualquer nível de comunicação, seja interno ou externo à companhia, nas reuniões com o seu time e nas individuais. Uma das mais amargas e construtivas experiências de minha carreira, foi quando um CEO demonstrou que eu não estava pronto para a posição que almejava e colocou à minha frente a longa trilha a percorrer, se eu quisesse realmente chegar lá.

O CEO de uma grande corporação para a qual trabalhei, fazia uma transmissão mensal a todos os funcionários, trazendo os elogios quando o desempenho era bom, mas, mostrando claramente quando a companhia estava mal. Apontava os problemas, os riscos no mercado e da companhia e, até a possível redução de colaboradores, caso não houvesse uma mudança drástica.

O fato incontestável é que, os funcionários conhecem a realidade, pois estão no dia a dia do negócio. Sabem quando as coisas estão bem ou se há problemas, mas não têm o conhecimento do todo. Quando o discurso do topo não é consistente com a realidade que enxergam de suas funções...adeus à confiabilidade.

Coragem

Essa habilidade parece tão óbvia, mas a realidade mostra o quão difícil é a sua prática. Na minha observação desses CEO´s que tanto admirei, a utilizaram em muitas situações. Posso resumir algumas.

É necessário coragem para se manter fiel aos seus próprios princípios. Conheci outros líderes que, infelizmente, esses princípios foram comprometidos por puro temor ou conveniência.

É preciso coragem para se tomar decisões difíceis, solitárias na maioria das vezes, tendo em mente apenas o que é o melhor para a organização e não para amigos, aparências, manter a boa imagem, ou até mesmo de reconhecer decisões incorretas do passado.

É necessário coragem para enfrentar tempestades de pressões múltiplas, vindas de acionistas, funcionários, clientes e concorrentes. Aprendi com esses líderes que na realidade é a coragem que vem antes da resiliência, que é desenvolvida ao se enfrentar situações difíceis.

A coragem precede a habilidade da transparência, descrita acima, pois a transparência sempre traz o seu preço, embora o saldo seja sempre positivo.

Concluí que ter coragem não significa que não há insegurança, temores, indecisões ou dúvidas perante decisões de grandes riscos, porém, essa habilidade vence todas as outras barreiras.

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